terça-feira, 20 de novembro de 2007

PALAVRA - ESSE SOM DE PÉ


O homem é o animal da palavra, assim traduz Aristóteles.
Somos língua de trapo mesmo. Consciente ou inconscientemente vamos usando a palavra como lei. Ela tem o poder de mudar o rumo da história, força para mudar o curso da vida.
Fiquei surpresa com os índios Guaranis. Descompromissados de qualquer conceito de certo e errado vão mantendo o canal de comunicação de modo mais original possível – através dos pés. É isso mesmo. “Palavra – esse som de pé” – achei perfeita essa tradução. Em se tratando de índios, eu diria mágico!
Com pés dialogam e vão mais longe: falam com Deus. Reproduzem seus mais profundos desejos, através de preces com muito barulho. Talvez por isso sejam atendidos. Recorrem às danças. Com os pés dançam e marcam passos. É o som dos pés que falam mais alto.
Marcham e inventam sons para harmonizar seus pedidos. O segredo talvez esteja em não fazer perguntas e não dar respostas. Falam com os pés e a palavra passa a ter a força da marcha, da fé, da esperança, do desejo de ser ouvido apenas. Palavra, esse som de pé pode até fazer chover. Nossa! depois desse ritual deve ser fácil permanecer calado. Porque com certeza é no silencio que vão reconstituir os seus sons internos.
Não é assim também que nos resignamos para esperar respostas?
Ah! Essa linguagem misteriosa dos índios!
"Descobri o termo que usei no título e resolvi delirar mais um pouquinho. Sem buscar interpretações ou intenções nas entrelinhas. Acho isso um saco! É um registro simples sobre o termo usado no livro - "A Etimologia das Paixões" de Ivonne Bordelois.
É sempre assim, gosto de escrever num rompante e hoje escrevi muito. Vou postando com a liberdade que esse espaço me permite e só. Se pudesse usava a dança dos pés ao invés de palavras. "

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