quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O Despertar de uma Paixão

Carnaval combina com ficar à toa e não se aporrinhar com aquelas responsabilidades de um dia normal. Este ano optei por passar os dias de folia em um estilo meio "macunaímico". Dois ótimos livros pra devorar e uma penca de filmes pra desvendar. Era da rede para o sofá e do sofá para a rede. Desta vez não coloquei meu bloco na rua, desfilei sem fantasia de um lugar para o outro sem direito as famosas paradinhas, ou seja, ninguém pra atravessar meu samba. Fazer o quê, né! Este ano foi assim, ano que vem serão outros carnavais. Resolvi a questão mudando a rede de lugar. Juntei uma penca de vídeos e de volta pra rede com todas as pipocas do mundo. E a primeira investida foi devorar um livro de Eduardo Giannetti – mas isso renderá outro comentário. Depois tive que correr com aquele monte de vídeos pra ver. E a comissão de frente com nota dez garantida ficou por conta do filme que ganhou o título no Brasil de "O Despertar de uma Paixão". Uma adaptação de um romance que não li – "O Véu Pintado", de W. Somerset Maugham. O que tem a ver esse título só lendo o livro pra descobrir.
Gosto mais de um filme quando o roteiro me proporciona viajar junto com ele, além de bons atores e uma fotografia que se instala na mente. Esse tem tudo isso. Edward Norton faz parte da minha lista de excelentes atores, desde "As Duas Faces de um Crime". "O Ilusionista" é o meu mais recente momento de briga com a locadora, pois a Blockbuster não é mais a mesma e o serviço está cada vez pior depois que se juntou com as Lojas Americanas.
Enfim, os produtores e também protagonistas conseguiram sintonia perfeita ao passar o drama de um casal que se descobre dentro daquelas armadilhas da convivência. Um casamento que surge como válvula de escape para Kitty(Naomi Watts) a mulher e para Walter (Edward Norton) o marido como mais um empreendimento que une amor à primeira vista a seu mundinho politicamente correto. Fica claro que o amor dele é maior, mas isso não é garantia de amor eterno. Há muitas crises a serem vencidas, onde cada um precisaria abrir mão de seu orgulho próprio. Resultado: insatisfação conjugal e troca de farpas. À beira do abismo esse amor não cresce e se esfacela cada vez mais, chegando ao adultério. Em uma época(1920) em que a mulher já era considerada vulgar pelo simples fato de ter idéias um pouco mais avançadas, o que dizer de uma adúltera. Ela o trai e ele a obriga a escolher entre o casamento falido e a crueldade de ser massacrada por uma sociedade preconceituosa. Entre as opções, sobrou a obrigação de acompanhá-lo em uma missão de controlar uma epidemia de cólera no interior da China. Sem saída, Kitty sofre com a derrocada de um amor fracassado e se vê obrigada a correr o risco. Fico pensando até que ponto essa mulher merecia tal punição. Na minha opinião se adaptaria e poderia até "re-apaixonar-se" pelo marido, não fosse ele um homem rancoroso, frio, cheio de mágoas e averso a mudanças. O que fez ele para cativá-la? Junto com isso vem a indiferença. Mas é também ao longo desta convivência difícil que surge a chance de cada um olhar para si mesmo e ver o que esperam da vida. Mas o cinema tem esse poder de reacender a chama do amor em alguns poucos fotogramas, além de uns bons argumentos para nos fazer entender a trama. Na vida o tempo é cruel e a distância torna sólido todos os sentimentos, sejam eles para terminar ou para recomeçar um relacionamento. É quando percebemos que basta abrir a guarda para que o amor possa ser despertado. O fato é que o filme passa a partir daí a ganhar mais encantamento enquanto romance. E a fotografia dá o tom perfeito para esse despertar. Gostei muito do filme.

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